quarta-feira, 31 de março de 2010

União




Texto escrito no meu primeiro blog, com algumas alterações.


Quem somos nós?

Realmente esperamos que a vida traga algo de bom para nós, mas esquecemo-nos que para isso acontecer, temos que trabalhar todos os dias. Não me refiro ao aspecto físico ou mental - estou a falar na realidade de todos os dias – trabalhar as pessoas. Somos brinquedos de um senhor nenhum, não sabemos na realidade de quem somos servos, ou se somos donos, mas a verdade é que o ser humano é das espécies que mais varia em termos pessoais: ou somos bons, ou somos maus, ou não sabemos o que isso é, ficamos indiferentes às pessoas e não nos importamos com quem quer que seja. Pensamos demasiado com a cabeça e nunca com o coração, nem deixamos os instintos apoderarem-se de nós; grande erro nosso, pois é daí que vem toda a nossa coragem e a verdadeira felicidade humana.

Todos os dias vivemos dentro de um ciclo vicioso, somos umas máquinas, a fazer o mesmo todos os dias, obrigados, o que nos traz desânimo, pessimismo, tristeza e absoluto desespero. Não paramos para respirar fundo e sentir o fresco e puro ar que nos rodeia, não temos tempo para sorrir a uma pequena criança nem sequer para desfrutar do grande contributo que a Natureza trouxe ao nosso mundo, seja animal, seja vegetal.

A vida, não é nada mais, no meu ver, do que tudo. Cada momento passado com a nossa namorada/o, com os nossos melhores amigos, com os meus pais e família deve ser guardado numa caixinha que nós temos, o nosso pequeno e frágil coração. Um exemplo disto é que eu gostava de ter passado mais tempo com a minha avó e, desde que a perdi, que penso nisto todos os dias: o que seria de mim, se eu nunca a tivesse visto, falado com ela, tocá-la, conhecido? Mas ainda bem que aconteceu, ainda bem que tive com ela, ainda bem que ela tratou de mim, que ralhou comigo, que eu me zanguei com ela, porque é assim que eu me recordo das coisas e é assim que eu recordo o quanto gosto dela e a cara dela. Encarei o facto dela ter-me deixado e ir para um sítio bem melhor, mas não esquecerei nunca as suas ultimas palavras, ditas a mim: “ai o meu amor, o meu amor”. A minha avó era uma das pessoas que nunca seria capaz de trair, de magoar ou de deixar de amar: ELA SIM É O EXEMPLO QUE TODOS DEVEM SEGUIR. Ela fez de tudo para que eu vivesse, para que eu gostasse, para que eu visse; fez de tudo para estar com ela, fez de tudo para que eu não perdesse o caminho e acreditasse naqueles que estão comigo e ainda os amasse mais do que eu amo agora. Agora, sempre que entro na tua casa velha e gasta por fora, sinto um vazio que me esmaga que nem um insecto. Mas estás lá ainda e desse lugar não vais sair. Porquê? Porque aí residem todas as memórias de uma vida unida e de uma vida completamente sincera. Uma vida preciosa de que estou feliz por ter sido um dos interpretes

 

Estou aqui sentado a escrever isso e devo recordar-vos o facto de não abandonarem as pessoas de que mais gostam. E para quem diz que já não gosta ou ama alguém, isso é mentira: o que realmente aconteceu, é que a pessoa que está à vossa frente apenas não consegue suportar o facto de que um dia as coisas acabam e que nunca mais vos poderá ver porque tudo pode acontecer. Simples facto disto é as pessoas não se sentirem bem com vocês ou porque dizem “tenho que aproveitar a vida”. Para essas pessoas, só digo que isso não é aproveitar a vida, é estragar a vida. É tão bom estar preso a uma pessoa e sentir que ela nos pertence e nós pertencemos-lhe, que ela é a nossa confiança e nós a confiança dela, que nós somos a vida... Se nós somos a vida, então aproveitem-nos, aproveitem aqueles que jamais sairão do vosso lado por qualquer coisa que aconteça e se se querem sentir bem, só basta acreditar em vocês próprios. Não deixem as pessoas que mais gostam de vocês só para vocês se sentirem bem, porque é a pior coisa sentirmo-nos bem na tristeza do outro (acreditem no que eu digo).

Sentir-se bem é estarem juntos dos vossos mais queridos, sentirem-se bem é sentir-se mal para o outro estar bem, isso não é só amor, é segurança, é alegria, é humildade, é vida.

Recordo o bom e o mau, recordo o passado, vejo o presente e sonho o futuro, mas olho para o passado, para me segurar ao presente, para melhorar o futuro. Sou feliz pela minha vida, pelo que passei, pelo que sou e pelo que serei, mas quero que vocês ainda sejam mais felizes que EU.

Não deixem escapar nada pelas vossas mãos, não esqueçam nada do que vocês viveram e agarrem-se às vossas vidas, agarrem-nas com todas as vossas forças, porque nós, nós sentimo-nos bem nos vossos braços, ao vosso lado.

1 comentário:

  1. Este texto encaixou-me na perfeição. Senti cada palavra como se a mim a dirigisses porque, como me dizes, tenho que aprender que amor é união....
    E é tão bonita a forma como falas da tua avó, como deixas transparecer as saudades através de simples palavras.
    É bom ver que te moves por sentimentos genuinos e puros, que a Vida te dá prazer e, acima de tudo, te ensina a ser tão Grande.
    Muito bom Márcio, muito bom mesmo....
    Um beijo e um abraço sentido*

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