Escuro, deserto e incerto. Este é o caminho em que estou. Esta rua parece não ter fim; quanto mais ando, mais me perco e não encontro o destino.
Olho para todos os lados da estrada... Não vejo ninguém, nenhum ser. Só vejo um caminho, sem fim na sua frente, mas com limites no seu lado. Não me atrevo a chegar às suas extremidades. Não quero, tenho medo de cair, tenho medo de me perder e não me encontrar. O que se passa, onde estou e o que é isto tudo.
"Olá?" - Pergunto eu ao infinito mas sem esperança de receber resposta. Mas estranho, eu oiço mais alguma coisa, eu oiço algo. Eu continuo a ouvir e a sentir. Fecho os olhos e concentro-me nesse zumbido, nessa coisa pequenina, ínfima, quase inexistente. O que é? Oiço melhor, só me interessa aquilo. "Olá, olá, olá, ...". É o meu eco, é a minha voz a soar neste longo e interminável vazio.
Cansei de olhar para a esquerda, para a direita e para a frente.
Olho para cima e vejo estrelas, pequenas e brilhantes. Quero agarrá-las e elas sorriem para mim. Não lhes chego, mas estou feliz. Tenho algo pequeno mas tão belo a olhar por mim.
Olho para trás, e vejo uma história; sou o protagonista, sou eu o actor principal de vários capítulos. Mas que livro é este, que páginas são estas transcritas e revestidas de imagens com pessoas que não conheço, mas me parecem familiares. Os seus rostos estão desfocados, mas sinto que eles são actores secundários nesta peça. Aceno com a mão, como se dissesse adeus. Mas eles não me respondem. Continuam como se eu não estivesse ali. Então grito, grito bem alto e novamente apenas oiço a minha voz.
Caio agora no chão, perdi o equilíbrio e a força nas pernas. Meto-me de joelhos e levo as mãos à cara. Estou tão confuso e olho novamente para cima. As estrelas brilham agora mais. Estou sem palavras, estou maravilhado e tão assustado. Quero fugir mas não encontro poder para me trazer ao de cima. Estou sozinho... Tão abandonado, tão triste, tão vítima daquele filme que antes vi.
Sinto uma mão a pousar-me em cima do ombro, viro-me rápido, receoso de algum mal que me queira levar fora daqui. Mas não era nada de mal, nem era uma mão sequer. Um pequeno clarão de luz tocava-me e dançava à minha volta, mas parecia tão sólido ao ponto de sentir as suas pequenas partículas a tocar-me em todo o corpo. Tinha as cores todas do mundo, era quente, agradável, brilhante e tão atraente. Levanto a mão para lhe tocar e oiço novamente a minha voz, oiço aquilo que disse antes, logo no inicio deste pequeno passeio. E oiço voz de pessoas, que estupidamente são as vozes de todas as pessoas que vi naquela "cassete". É mágico. Consegui levantar-me, apoiando-me nesta luz imensa que ainda me rodeava. Inesperada e magicamente, vi o caminho escuro que estava à minha frente a abrir-se para mim. No fundo, estavam lá todas as pessoas que estavam atrás de mim. Acenavam-me e diziam "Vem ter connosco, estamos à tua espera". Começo a correr e, desta vez o caminho parecia não se prolongar. Via a perspectiva de me aproximar deles cada vez mais real. É agora, vou chegar perto, estou quase a tocar-lhes...
Abro os olhos, "Afinal não passa de um sonho. Mas agora sei que não estou sozinho". - Digo eu a sorrir.
(Obrigado a todos os meus Amigos)
Ora essa Márcio... Claro que não me importo que te tenhas tornado seguidor do meu blog. Eu também já estou a seguir o teu :p
ResponderEliminarE talvez não existam acasos e coincidências mas, seja lá o que isto for, ainda bem que assim foi.. É bom poder contar com a tua opinião, com as tuas palavras! :)
Um beijinho
Oh... :$ Obrigada.
ResponderEliminarEu concordo quando dizes que é preciso ir ao fundo das questões, à sua essência.
As palavras são as chaves que me libertam das amarras que os problemas me colocam, são a minha forma de libertar-me de algum peso, são a minha forma de expressão ... E acho que também tu és assim! Escreves para te ouvires a ti próprio! :)
Beijinho
A vida continua sempre... Quer nos expressemos com palavras, gestos ou acções.. Porque o que importa verdadeiramente são os sentimentos! E esses temos nós em demasia :)
ResponderEliminarUm beijinho e continua assim, a fazer o que te eleva
Eu não gosto de baixar os braços, não gosto de desistir. E, muito menos, gosto de desistir de algo que nem começou... Mas a situação não é fácil. Sinto que, caso as coisas avancem, já nada vai voltar ao que era. Tenho medo de perder uma amizade porque confundimos amor com outra coisa qualquer...
ResponderEliminarMais uma vez, agradeço a tua atenção e carinho, as tuas palavras que me dão uma nova coragem.
Digo-te ainda que fico simultaneamente feliz e triste por te reveres em mim, como se fosse um espelho. triste no que toca ao sofrimento, feliz porque é bom encontrar quem nos compreendem.
um beijinho
O problema, Márcio, é que não consigo viver o presente sem pensar que existe um amanhã, um futuro. Sei que todos os nossos actos têm consequencias: umas boas, outras más, por isso tenho um medo incontrolável de fazer as piores opções, de enredar pelo caminho errado... Sou demasiado racional e evito deixar-me levar pelas emoções: acho sempre que nunca é a melhor opção!
ResponderEliminarMuito obrigada pela tua Força, a sério! :)
Um beijo
Se formos ver as coisas dessa forma, tens toda a razão: se existe algo irracional é o Amor!
ResponderEliminarTenho que tentar deixar a razão um bocadinho de lado de quando em quando e dar mais voz ao coração. Prometo que vou tentar!!
Beijinho
"Dar um beijo, dar um abraço, um carinho, mesmo andar, correr ou dançar não são coisas que estão escritas em livros que nos ensinam a fazê-lo. São coisas próprias em humanos e que já nasceram connosco. Não pensamos para o fazer, apenas nos deixamos levar pelo momento, pela loucura e pelo prazer. É Viver, simplesmente."
ResponderEliminarAdorei o que disseste, muito obrigada.
E espero que tenhas razão quando dizes que somos capazes de ser sempre superiores. Eu vou arriscar... Vou viver!
Beijinho
Temos que viver o momento, viver cada dia, cada instante. Temos que valorizar o privilégio de estarmos vivos a cada dia, de termos consciência para decidir que opção tomar mas, mais importante, temos que valorizar o facto de termos um coração para sentir...
ResponderEliminarE talvez não seja assim tão pequena quanto isso Márcio. Segundo diz a lei, já sou considerada adulta :)
Um beijinho
Eu sei que não te referias à estatura ou à idade... Foi apenas uma brincadeira, grande Márcio :)
ResponderEliminarGostei da analogia que o teu professor/amigo/mestre construiu. Realmente, para atravessarmos o vasto rio, arriscaria até chamar-lhe mar, que é a vida, precisamos de ter plena noção dos perigos que encontramos pelo caminho, das ondas turbulentas que nos vão tentar derrubar... Mas devemos ainda saber que, não são as dificuldades que nos devem impedir de viver pois até essas são superáveis, até essas conseguimos vencer. Basta ter o coração livre e a cabeça despreocupada para tudo correr melhor... E claro, ter amigos sempre por perto porque sem eles, a vida não era a mesma coisa!!
Um beijinho *