sábado, 3 de abril de 2010

Sente!



Ela ficou no mesmo sítio de antes, sem se mexer, sem levantar o rosto para me olhar. Tentei fazê-lo de modo a mostrar-lhe o outro lado da Vida, toda a beleza que ela emana e irradia nos corações de todos os seres. O amor existe, existe em todo o lado deixando-nos tão confusos e sem nos fazer perceber qual será o significado da nossa existência.


Por favor, olha para mim..


Não olhas! Não queres ou simplesmente não consegues, como se eu estivesse coberto por uma energia tão forte negativamente que a tua cabeça pesava só de pensar em se levantar. Não te sei o que dizer mais, não sei o que queres neste momento - ou mesmo quem queres. Podes ficar no sítio em que sempre ficaste, sempre estiveste, sempre viveste. Não te tiro daí nem te peço para saíres. O que tu fazes és tu que comandas. Eu vou continuar no meu lugar sem te incentivar a vires ter comigo, pois às vezes queres, outras vezes preferes estar quieta, sentada, perplexa a olhar para o chão, para os meus pés, sem a coragem de me enfrentares cara-a-cara. 

O cobarde sou eu, por ter-te dito que te amava. Cobarde fui eu em não ter guardado isso para mim e ter-te feito acreditar e sonhar. Cobarde mas sincero porque disse-te a verdade, mas não me mexo do mesmo lugar. Paralisei-me e não sei também como agir. Não te quero deixar mas, no entanto, não te quero perder. Estou num dilema tão grande embora saiba que a minha vida não depende disso. O que depende, é a minha vida contigo e isso não quero arruinar mais. Não sou eu o vilão nem aquele que te quer mal. Sou um daqueles teus conhecidos, tão bem conhecidos, que te querem o maior bem possível. Pertences a mim, és como um novo órgão essencial à minha vida. Costumo pedir para não dizeres nada mas sentir. 

Podes andar fugitiva, mesmo eu o estou também. Mas quero assim, quero para não te poder levar comigo e obrigar-te a esquecer o resto. Não quero que esqueças, porque quero viver o resto contigo. Sou capaz de amar, amar loucamente e vivo para apenas uma pessoa. 

Agora, eu canto sem ti. No palco, apenas estou eu, sentado numa cadeira velha pronta a desabar. Aí por baixo está tudo pelo que já passei. Tal como tu passaste e conheces-me tão bem. A cadeira está prestes a partir-se novamente e tão rapidamente não arranjarei uma nova. Sou cobarde, tão cobarde e culpado de tudo. O que aqui escrevo não te consigo dizer por palavras, à tua frente e olhando-te nos olhos. Fazes-me a maior falta possível. Só quem nunca sentiu falta é que não sabe o que isto é e, quem nunca sofreu, não imagina as coisas que eu e tu já passámos e o que crescemos com isto. Tentarei arranjar a canção ideal para ti, mesmo que tenha que escrever uma do princípio ao fim, ou melhor, sem fim, porque contigo quero que nunca termine. 


Olha novamente para mim, só te peço isso mais uma vez. Dá-me a tua mão. Desejo isso todos os dias...

1 comentário:

  1. tu tens uma capacidade de provocar emoções com as tuas palavras que é invejável... dizes as coisas de forma a tocarem bem lá no fundo, bem no coração..
    e compreendo essa dificuldade que sentes em falar cara a cara... aí as palavras custam a sair e, por mais que se ensaiem discursos, o nervosismo acaba por bloquear todos os pensamentos e nada corre como planeado.
    tenho a certeza que a tal rapariga não fica indiferente ao ler estes teus textos, é impossível!

    um dia vais ter que me contar bem esta história... :)
    Um grande beijinho Márcio

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