sexta-feira, 6 de agosto de 2010


Muito tempo passou desde que escrevi o meu último post. Queria que fosse uma dedicatória à minha Andreia, mas o tempo que tinha para isto foi diminuindo, até se tornar praticamente nulo.

Este não é um blog para todos, é um blog para mim. Não sou daqueles que anda a comentar vários blogs, nem paciência tenho para isso. O meu blog não é para ser conhecido, é para ser sentido. Por mim e por quem está "destinado" a ler. Como tal, sei que não são muitos os seguidores, mas quero agradecer a todos.

Este é o meu primeiro post, após uma longa ausência, que está cheia de coisas novas, vivências e de acontecimentos recentes da minha vida.

Na quinta-feira passada acordei com uma notícia que me deitou abaixo e, ainda foi capaz de deixar Portugal no meio da tristeza: Havia morrido o actor António Feio.  É verdade que muitos não o conhecia pessoalmente e, mesmo nunca o tendo visto, para mim é um pequeno "herói". Um ano antes, foi-lhe diagonosticado um cancro no pancrêas, deixando-o praticamente às portas da morte. Mas ele, para conseguir contrariar esse irremediável "terror", deixou ecoar esta expressão no coração de cada pessoa: "Eu se pudesse matava o bicho a rir". 
Numa pequena frase, conseguiu resumir um dos bens mais preciosos que o ser humano possui, e que está a ser esquecido e a ser posto posto de parte, numa prateleira que mal se consegue chegar e dificilmente arranja coragem para lá ir.
Num trailer de um filme, apareceu uma mensagem que agora anda a circular a internet e anda a marcar presença no espaço de cada família portuguesa: "Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam. E não deixem nada por dizer, nada por fazer...". 

Como resposta a esta frase, quero dizer que, à pouco tempo fiz isso mesmo. E não foi só uma vez, foram várias, várias as tentativas de assegurar que dizia tudo às pessoas certas, para que, num momento qualquer essas mesmas se lembrassem de mim. Com o tempo, vamos crescendo, tornamo-nos mais velhos e responsáveis. Mas e as consequências disso? Negamos as pessoas que já nos foram queridas, esquecemos amizades e negamos acontecimentos, ignoramos gente, tornamo-nos frios e rígidos para com os outros e, consequentemente para nós próprios. Assumimos a personalidade da pessoa que sempre tivemos medo, a pessoa adulta. Já não há liberdade e a cabeça é que comanda o que desejamos. Mas e então, o que é feito das brincadeiras, da diversão e, principalmente dos nossos sonhos? Mesmo isso abandonamos e porquê? Qual é o mal de sonhar em ser aquilo que sempre desejamos ser? Temos que ser assim? Porque é que abandonamos tudo aquilo que nos deixa feliz por algo que é uma réplica da felicidade? Trocamos o real pelo irreal, a vivência pela rotina, o sorriso pela clonagem psicológica e social. Somos escravos da idade e não nos libertamos... Mas e porquê? Porque somos duros uns com os outros, negamos a esticar a mão àqueles que nos protegeram e, só porque um dia fizeram algo de errado, temos que os ignorar? A que preço isso é feito? Onde está a felicidade ao ignorar uma parte nós, dizendo que não existe mais?

É isto que o ser humano se torna, transformamo-nos no nosso pior pesadelo. Esse actor, que fazia todos se rirem, não é nada mais nada menos do que um homem contra a própria espécie. Mesmo eu tento fazer o mesmo, é dificil, mas não quero ser uma máquina completamente manipulada pela sociedade e seguir uma linha de acontecimentos já estipulada. Quero ser eu mesmo, perseguir um sonho, imaginar coisas já esquecidas para que, mesmo não sendo depois vividas, eu possa recordá-las com todos os outros que estão à minha volta. Quero viver a minha vida à minha maneira, o melhor que posso. 

Mas com isto tudo, tentei dizer o que verdadeiramente sentia à pessoa que mais gosto. Disse isso com o prejuízo de um afastamento de um tempo que me deitou abaixo, tão em baixo que só com os meus amigos me levantei. Tentei fazer aquilo que eu sentia e, mesmo que tenha acontecido o que se passou, não me arrependo, pois nesta vida não quero deixar nada por dizer. 




Obrigado por tudo!

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